A incrível arte de encarar suas emoções

14 março, 2023
João Paulo é um jovem arrojado, de cidade grande, inspirado a viver a vida da melhor forma. Nesta procura encontrou o caminho da vida social em lugares cobiçados, viagens, roupas, comidas exóticas em lugares incríveis. Claro, tudo registrado em suas redes sociais, onde carrega fãs e incentivos para o seu estilo de vida. 
Mas, por trás de tudo isso, João Paulo carrega um problema: dívidas financeiras que não acompanham o seu ritmo de gastos e que gera para ele, no fim do mês, uma dorzinha de cabeça quando questiona se a conta um dia vai fechar. Mas seu lema é viver a vida e afastar os problemas, afinal está sendo feliz à sua maneira e está tudo indo “muito bem”. 
Buscar ser feliz e afastar “sentimentos ruins” é o objetivo de muita gente. Nessa busca aprendemos muitas vezes a ignorar nossas emoções, não encarar nossos problemas porque tudo isso pode gerar uma ansiedade e um mal estar. Vida que segue! 
Tudo isso seria muito bom, mas se funcionasse pra sempre. Um dia a conta chega e pode nos pegar tão vedados quanto aos nossos problemas que não sabemos nem por onde começar. A tática de ignorar perde efeito já que o monstro passa a nos seguir como sombras, e o máximo que conseguimos descrever é um “sentimento estranho” ou “sentindo sei lá”.
Lidar com conflitos e desafios não é uma tarefa fácil o tempo todo, e lidar com as emoções geradas por elas pode ser desconfortável, ainda mais não sabendo por onde começar. Problemas complexos podem ser vistos de modo assustador, mas ainda assim encará-los e perceber o efeito que ele tem na sua vida ainda é a melhor maneira de quitá-lo. 
 

Por que resistimos em fazer terapia? ​

24 janeiro, 2023

        
       



         O entendimento do que é psicoterapia e para que serve tem sido cada vez mais claro e acessível. Além disso, existe hoje uma oferta enorme de variedade de terapeutas com diversas abordagens, técnicas, perfis e novos modelos de terapia, como a online.
Mas ainda assim resistimos, e coloco aqui algumas razões. Em primeiro lugar, a psicoterapia foi associada a loucura e transtornos psicológicos. Fazer terapia então era assumir esse lugar. Isso fez com que muitas pessoas evitassem a terapia para fugir do estigma, e acabaram resumindo a psicoterapia apenas em um dos seus lugares e demandas de atuação.
Outra ideia distorcida foi que fazer terapia era assumir um fracasso na gestão da saúde emocional. E isso acaba gerando um incômodo, principalmente para o homem que é ensinado na nossa cultura a ser forte, não demonstrar emoções e sempre assumir que tem tudo sob seu controle. Então, expor sua vulnerabilidade seria contra senso e vexatório, não sendo este um lugar muito convidativo e confortável para estar.
Por fim, resistimos em fazer terapia justamente porque queremos evitar sofrimento e algumas emoções “ruins”. Além disso, queremos evitar o julgamento e crítica, que muitas vezes é esperado quando nos expomos. Por mais que muitos saibam que a terapia é ausente de julgamento e moral, muitos esperam isso do terapeuta, vivenciando uma emoção de culpa e vergonha.
Mas, ao contrário de todas essas ideias, fazer terapia é encarar suas dificuldades buscando soluções, e não apenas ignorando-as. E isso pode até ser um processo desconfortável, mas muito saudável. E por mais que encarar esse processo seja um momento vergonhoso, sofrido ou até mesmo temeroso, é importante lembrar que a pessoa do outro lado estará lá para te ouvir e entender sua situação sem te julgar, mas acolhendo e buscando o seu melhor.